quinta-feira, 30 de agosto de 2012

"Aqui"

Estou boiando sobre a superfície do oceano. Vejo o céu negro e estrelado; nada mais além da imensidão no horizonte. Aqui não existe medo, aqui penso o que quero e faço também tudo quanto desejo e essa é a única verdade absoluta. As pessoas são da forma que imagino; tudo sai como espero. Aqui a poesia é realmente oca e talvez nem tão sofrida. Aqui a verdade é alucinada e alucinante. Esse "aqui" não existe; é só um vácuo, um espaço morto, um verso oco. É apenas mais um fruto da imaginação, assim como eu também o sou.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Versos de um desiludido

Que se dane o amor
E todas as suas formas
Pra que ele existe
Se só traz a dor
E agente não se conforma

Que passe longe a paixão
Essa que não tem norma
Por que ela existe
Se traz pra vida a cor
E depois leva tudo embora

Passem bem longe de mim
O gostar e o querer
O gostar só faz doer
E querer não é poder

Mas é inevitável, né?
Não adianta!
Nem tenho que fazer
Só esperar para sofrer

domingo, 26 de agosto de 2012

Mentira prolongada

Eu amei e desamei
Senti e (des)senti
Odiei e perdoei
Vi o que não vivi
E também vivi o que não vi
Caminhei onde não fui
Trilhei o que não fui capaz de construir

Caminhando a esmo no deserto
Vi vários oásis
Mas estes não passavam de miragens

Será que ainda é?
Será que ainda será?
Será que já foi?
Será que foi tudo verdade
Ou foi só uma mentira prolongada?

Adeus adiado

De um adeus tão aguardado
A um adeus adiado
De um lindo dia ensolarado
A um dia nublado

De um tudo, tão pouco, quase nada
Ao real vazio
De um eu e você
A um eu-continuo-sozinho.

De um sonho sonhado e sendo construído
À escada que me foi arrancada
E me deixaram preso no telhado
De ilha vazia a deserto frustrante

Assim me tornei um dia sem sol
Noite sem luar
Poesia sem melodia
Acorde sem harmonia

Abandonado à sorte de qualquer um
Preso à liberdade da solteirice
Acorrentado pelo eterno adiamento do que nunca foi
Iludido pelo sim do sorriso
E, ao mesmo tempo
Espancado pelo não da realidade

Assim acaba esse amor
Aqui acaba e eu já vou

sábado, 25 de agosto de 2012

Em vão?

Tens o poder de me transformar em lágrima salgada e sorriso doce; me encantas, desencantas e espantas; me alucinas e me assassinas; me enches com esse sorriso e olhar meigo. Então, me pergunto: por que me apaixono tanto em vão?

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Madrugada dos sonhos

Eu despertei
Na madrugada dos sonhos eu despertei
Na fábrica de ideias eu acordei


Medo, angústia, solidão...
Hipnose!
Será que errei na dose?!

Pensei em você
Lembrei!
Comecei a lembrar de coisas passadas
Para entender o porquê
O porquê de tanto te querer
Apesar de quase não sentir mais


O que um dia fora um sonho
Hoje se torna um pesadelo
Mas eu não quero acordar
E insisto em ficar


Mágoas, ressentimentos e dor...
Um muro!
Um muro que separa vidas

Desejos!
A madrugada é a mais fiel
E principal Testemunha da Noite

A noite é uma loucura
Não só a que é vista a olhos nus
Mas a noite dentro de nós
Tão tenebrosa como a chuva que chove em mim
É escura e gelada
A madrugada
É hora de me perder
Para que, quem sabe um dia
Eu possa achar você

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Meu amor,

peço que não me dês teu coração - me dá apenas a tua mão, para que possamos partir num voo feito de emoção. Meu amor, preste atenção: tenho medo de rasgar teu coração, então vamos caminhando devagarzinho, lado a lado; podemos revezar as bagagens e admirar juntos as paisagens. Sua presença será sempre a minha confiança doce, suficiente e agradável.
Meu amor, não se prenda a essas promessas vazias da paixão, pois ela fala sem pensar. Não fales sem pensar e nem me peças também o que não posso te dar. Vou tentar, vou pensar, vou me esforçar, vou esticar. Esticar ao máximo esse nosso tempo juntos aqui debaixo dessa árvore. Quero ficar com você até a tarde tardar. Quero estar com você pra meu coração se aquietar. Quero estar com você porque tudo fica bem ao teu lado e, enquanto der, deixa tudo assim como está. Tomemos sereno e embriaguemo-nos de amor até o sol raiar.

domingo, 19 de agosto de 2012

Selá

E a poesia morreu
A melodia se escafedeu
Os sonhos saíram pulando pela janela
Uns vieram a falecer na queda
Já os outros, nos quatro cantos do mundo
Estão passando seus últimos segundos
Talvez um dia voltem...

Meu mundo é tão pequenino
O meu amor veio tão repentino
Mas se foi
E agora eu estou repetindo
Sei que não há nada de novo
Mas queria recomeçar tudo de novo
Talvez a Lua me conte de algum fato melhor
Talvez me traga notícias em Mi menor

Meu destino deve mesmo ser
 gauche na vida
Como me disse, quando nasci
Um anjo torto desses que vivem na sombra
(Quem lê, entenda)

Ai de mim se não fosse poeta
Mas aí, já não seria eu
E sim, uma rima incerta
Sou uma rima incerta
Por isso não sou poeta
Meu mundo é contraditório
E eu já cansei de todo esse repertório

Do amor à dor
Do sorriso ao choro
Da alegria à tristeza
Da riqueza à pobreza

Do risco à segurança
Do amanhã à lembrança
Do agora ao nestante
Tudo num instante!

Não consigo mais poetizar
Pois a poesia fugiu de mim
O amor saltou daqui
E talvez nunca mais volte assim

Dizem que quando não se sabe pra onde quer ir
Qualquer caminho serve
Então qualquer caminho vou seguir
E chegarei, assim, a lugar nenhum

Tudo o que busco na poesia
Inda hei de achar
Mas no dia em que ela vier a morrer
Não hão de me encontrar
Morreu todo o meu ser
Morreu a rima
Selá.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Versinho

Um versinho pra você
Nele está contido a vontade de te ver
Meu coração pulsa agora no compasso de uma só canção
Canção que se chama paixão

Apenas tudo

Sabes como me prender e me cativar
Me deixas preso
E eu não sei onde chegar

És tão importante pra mim!
Nada demais assim...
Apenas tudo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O que é o amor?

Me propus a saber o que nunca saberei. Propus-me a entender o que nunca entenderei. É sobre essa busca comum a todo ser humano do que é o amor. Sei que tudo isso é lugar-comum, e que jamais encontrarei as respostas satisfatórias nas quais eu realmente anseio, mas mesmo assim, decidi arriscar.
Não vou me prolongar demais a falar de “amor”. Esse que não é nem gente, nem animal. Não é carnívoro, nem vegetal. O amor não é nada, o amor é tudo. É tão fácil de entender - é um absurdo! Quem nunca foi pego de surpresa por uma tal de paixão e ousou chamá-la de amor? Quem nunca disse pra ela: - Faça-me um favor! Ah, mas ela nunca responde. Se faz de surda e distante, e põe todos à loucura. Não! Não vou me desviar do curso inicial do meu rio de palavras. Vou permanecer no leito, porque sei que há muito mais – muito mais palavras repetidas, muito mais rimas iguais, muito mais começos e os seus finais.
A questão aqui é a utilização de vinte e seis letras e vários sinais para tentar descrever e explicar o amor. Não, não quero. Isso seria banalizá-lo demais! Me atenho apenas a senti-lo e dizer com palavras tudo aquilo que já foi dito, mas nunca se cansa de ouvir. Me atenho apenas a observar as histórias de loucas e arrebatadoras paixões de crianças, jovens e até de velhos, todas iguais, em seus começos e seus finais.
Assim é o amor. Por culpa dele você chora e ri, comemora e sofre, sente e desmente, na verdade, apenas sente. Não tenho mais como falar, pois não há como expressar este ser em suas várias formas e expressões. Não vou mais encher linguiça, pois cabe a ti - e apenas a ti - decidir viver assim... decidir viver o amor. 
Eu vim ver o amor, e este me disse oculto em seu mistério: - Deixe que cada um me descubra e decida se me leva a sério!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Um por favor no imperativo

Seja livre para voar
Pra seguir a direção
Que o seu próprio coração mandar

Seja livre para fluir

Como um rio
Que sabe pra onde quer ir

Liberte-se para amar

E, ao som dessa canção
Seu coração vai lhe guiar

Voe no tempo e escute o silêncio

Aprenda assim
Que tudo tem seu momento

Afogue-se naquilo que queres mergulhar

Pois no fundo do mar tem
O que em terra não há

Ame ao relento

Na chuva, no vento, no sol escaldante
Ame a cada instante
Na terra seca e na lama
Ame na tribo e na metrópole
De forma formal, cabal, canibal e animal

Faça o que te faz bem

E sinta o que eu tenho também
Eu tenho amor
E também a dor
Não vá embora
E se fores ali
Não demora, por favor!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Nostalgia

Sou invadido por um segundo de nostalgia.

Nesse reles período de tempo
Lembro de tudo que já se foi
Me afogo loucamente em toda aquela fantasia

Eu brinco, eu sorrio, eu choro, eu imploro
Eu mimo, adoento, tomo sol, tomo chuva
Mergulho em meio ao mar aberto
Devaneio no solo de guitarra
Escuto sua poesia
Experimento o sabor do cheiro
Toco na epiderme da imagem
Sinto em você a margem - algo que de mim é inerente
Mas apenas talvez...
Talvez eu apenas sonhe, mas nunca toque

Lembranças que vêm e vãoCoisas que já não estão
Pessoas que nunca vi...
Aqui!

Miados, latidos
O ronronar, o despertar
O canto do pássaro
Que me despertava todas as manhãs
As máquinas estridentes
Que esmagavam as maçãs
Poluíam o meu dia
E soltavam fumaça na minha cara

- Eu sei da tal inspiração súbita! -


E ainda saberei cem vezes mais
De tu, oh minha flor
Meu lírio, meu delírio, meu amor
O tempo não para
A hora apenas passa
De pé a pé
Chega no pico
E eu cambaleio feito um louco
De um lado a outro
E ainda acho pouco

Eu quero gritar, eu quero sonhar
Quero rir, eu quero é chorar
Quero tudo isso de volta
Quero esse mar em revolta
Quero ver, eu quero viver
Cantar bem alto pra reviver...

Reles nostalgia
Eu quero é você!

domingo, 12 de agosto de 2012

Versos sem sentido

Que toquem você
Que sejam a tua sombra
Que sejam eu pra você
Sem sombra de dúvida

Há um verso oculto
Que ainda não revelei
Dele, nem mesmo eu sei

Há um retrato de paisagem sem graça
Que precisa ser substituído
Quero enche-lo de graça!

Vamos mergulhar nessa desgraça
Porque a vida é isso
Cheia de apelos doidos
Repleta de versos sem sentido
Como esse seu olhar louco
Em que perco meus sentidos

S
   u
     b
       m
          e
            r
              g
                 i
                  n
                    d
                      o



                         No naufrágio...

     ...vou morrendo...                  ...pouco a pouco...

                       ...eu...                           ...vou me perdendo...

                                       ...vivendo em dimensões paralelas...
                                      ...separados por divisões  paralelas...
                                               ...são nossas vidas paralelas...

                                            ...enquanto caminho pelas vielas...

...vejo você em cada olhar
Até perceber que não são completos
Não é o seu olhar
Não estou completo!

És meu verso secreto
E incerto
Que ainda hei de acertar
Decerto!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Te quero agora!

Todo dia encanto e desencanto
Canto e espanto
Tanto quanto
Eu encanto

Toda hora cê demora
Bora embora
Antes que tarde a hora
E eu desista da demora

Todo instante estás distante
Constante e inconstante
Ligo o alto-falante pra gritar:
Te quero agora, e não nestante!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

É segredo!

Visualize meu coração
Se for capaz de ver
Ver a olho nu
A olho nu e cru

Mas não para quem quiser ver
Não é para qualquer um
O que trago aqui no peito
É pra você

E se a poesia se transformar em melodia
Tanto faz
E se a noite se transformar em dia
Pra mim já se desfaz

Tudo o que construí
E que guardei
Guardei aqui dentro
Na caixinha, no meu coração

Pra você ver
Ver e perceber
Você quer ver?
Mas e se não perceber?

Não tenho medo de te perder
Mas de nunca te ter
E você nunca ver
E nunca sequer puder perceber
Que o que guardo aqui no peito
É pra você

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Versos de amor

Deixa
Que de você eu cuido
Permita
Que seu mundo eu mudo
Vamos
Me dá a mão
Abra a porta
Do teu coração

Deixa
A vida pra lá
Permita
Aos seus pés voar
Vamos
Sair do chão
Para um voo longe
Feito de emoção

Deixa
Tudo o que passou
Permita
Viver esse amor
Vamos
Com o coração
Pois sem amor
Não há razão

Deixa
O medo pra lá
Permita
Seu coração falar
Vamos
Só nós assim
Nos versos de amor
Eu pra você
E você pra mim

terça-feira, 7 de agosto de 2012

E a vida continua...

E a vida continua...

Em suas vielas sem destino
Seus caminhos sem arrimo
Vamos incertos
Seguros nos versos
Da incerteza...
Mas com firmeza!

Se algum dia alguém te decepcionar
E um grande tombo você levar
Releve!
Leve pro travesseiro
Guarde no coração
E traga o perdão!
E assim a vida continua...

A vida sempre continua
Sempre contínua
A navegar...
Nesse mar, nessa imensidão
Grande sensação
Grande emoção
[Trago no coração!]
Mas se um dia o coração te tragar
Ou te trair
E você cair
Se levante!
Siga adiante porque

A vida continua...

E se você ficar pra trás
Ela não volta atrás
Então corra atrás
Atrás do tempo perdido
Do sonho escorrido
Pelos espaços entre os dedos
Escorrido nos olhos

Volte-se para os devaneios
Ah! As quimeras, os sonhos
As ficções, os filmes dentro de você
Porque são através deles que a vida se move
Não é a vapor, a diesel, gasolina ou a álcool
A vida é uma fábrica de sonhos...
E realidade também!
Não seja ninguém
Mas seja apenas, e apenas alguém:
Você!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Cansei.

Sabe, eu cansei.
Cansei de tanto mudar
Mas também de ficar no mesmo lugar
Andando, construindo, trilhando
Amando, sentindo, passeando

Já cansei até de tanto me cansar De não conseguir pensar
E de ver tudo rimar
Só eu que não encontro uma rima

Acho que jamais deixarei de ser infinitivo
(Exceto pelo pretérito)
Nunca chegarei ao mais-que-perfeito
Devo me contentar com o gerúndio
E o meu futuro é o do pretérito
O meu passado é imperfeito

Contentar-me-ei em ser um artigo indefinido
Um substantivo abstrato
No máximo, serei um aposto
Vocativo, jamais!
Serei marcado pelas interjeições
Mas ignorarei as conjunções

Pois minha mente é oca
E apenas rima
Por que eu cansei
Minha cabeça louca
Apenas rima
Porque eu definhei

domingo, 5 de agosto de 2012

Pra não mais voltar

Não faz mais sentido
Fazer e desfazer
Começar e recomeçar

Não tem mais graça - nunca teve!
Tentar outra vez
Mais uma vez
E outra vez
De novo e de novo
Sem repouso!

Chegou a hora
Parar e respirar!
Te deixo agora
Pra não mais voltar

Nunca fez sentido
Eu te ver
E querer
Não vem mais comigo
Pra eu aprender
E sobreviver

Prefiro nunca te ter
Do que perder
Voarei pro infinito
Até desaparecer

Então, estando eu já perdido
No espaço sideral
Me encontrarei numa galáxia perdida
E já não serei real

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Preciso

Não quero todo amor do mundo
Pra depois ter que pôr de lado
Não quero esse amor absurdo
Pra no lixo ser disperdiçado
Não quero ser poeta
E despejar mil palavras
E essas se tornarem como dejetos -
Despejadas nos mares

Quem lê, despreza
Que me despreza, lê
Quem me lê, não sabe nada

Estou fazendo mil planos
Pra depois o vento espalhar meus papéis
Para a chuva molhar e manchar meu quartel
Meu quartel-general - o meu coração -
Escrever também dói, sabia?

E alguém vai chegar, de repente
Amaldiçoando meus planos
Rindo de mim
E eu terei de sair de mim
E já não serei poesia
Serei apenas agonia

Sou um verso oco
Oco e morto
Morto e preciso de amor
Preciso do teu amor
Para poder sobreviver

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Respostas simples

Tenho tanta coisa pra dizer
E o tempo todo pra esperar
Tenho tanto a dizer
Mas nem sei por onde começar

É preciso viajar àquele lugar
Para aquela mesma tarde quente
Mesmo dia ensolarado
Ver os olhos dourados
Respirar toda aquela euforia utópica
Injetar aquele anestésico feito de ilusão


Ver você em cada olhar me consumia
Na verdade, consome até hoje
Seu olhar era melhor
Mas a minha dor foi maior

És um mistério
O meu mistério simples
Que eu já sei a resposta
A resposta é simples assim
Tão fácil pra mim
A chave está contida em teu nome
Em teu brilho carregado de solidão

Nessa tua busca
Que é um mar
Nessa tua busca
Que é amar
Essa tua busca
Quer é amar!