domingo, 5 de janeiro de 2014

- Passa, Perecível.

Passa, Perecível! Cruza a Avenida e morre. Ou então se joga daquela ponte. Me mata com três tiros na cabeça. Trai aquele teu melhor amigo. Pega a mulher de outrem. Desobedece. Rebela. Bebe. Se revela. Se ensoberbece. Vai, Boçal. Colhe o que não plantou. Vive o que não é para ti. - Ou será que é? Ama o teu próximo. Escarra no copo dele sem que ele veja. Desvia o volante para que ele bata. E o motorista morra. Mata. Morre. Mata e morre. Com o mesmo veneno de Julieta. Finge que morreu para herdar a herança. Fala com a voz polida. - Os tolos gostam. Sim! Ah, e como adoram! Enche o copo de hipocrisia e transborda sobre os teus inimigos... pisa nos teus amigos. Diz que ama e vai embora. Se apaixona e me ignora. Pede a mão e arranca o braço. Tritura. Faz em pedacinhos. Engana a morte. Se engana. - Acredita em sorte? - Ostenta, vai! Me mostra o que tens! - Passa, passa! - Perdeu, perdeu! Gente. Tão demente. Acreditam que vão viver a vida toda. Mas morrem a cada dia. Um anzol. O anzol do peixe é aquele mesmo que te puxa e te mata. Trouxa. Bruxo. Balança. Frouxo. - Oxe, que homi frôxo! Apunhala pelas costas. Até atravessar a barriga. Vê as tripas e o sangue escorrer. - Mas, o que é a vida? - A vida, uma tripa. - A vida é uma tripa. - A vida não é uma tripa. É corpo e alma. Mente e espírito. Mente. Tu mentes. É apenas corpo. Me dá o teu. Um sacrifício vivo. De prazer. E sangue. - Ei, eu não sou um psicopata! Me dá o teu sexo. Sexo apenas. Sem penas. Apenas a pena de morte que é morrer com o teu colado ao meu. Amputa uma parte. Joga fora o feto e me ignora. Pela janela. Ignora os que não te fizeram mal. Faze guerra aos que te querem bem. Alia-te ao mal. Assusta. Furta. Adultera. A gasolina. Queima. No inferno. O inverno é aqui. Frio como a morte. Frio como você. Sem sorte me escolher. Escorrega da colher o doce envenenado. O pega. A moto envenenada. A corrida, o acidente, o jogo trágico, os pés, as mãos amarradas sem laços e nem nós. Desfaz os laços. Morre só. No teu destino gauche. Estima os bichinhos. Azucrina os coitadinhos. Torce os mendigos. Arranca-lhes os impostos. Tira-lhes os postos. Desfaz a iluminação. Apaga o poste com um laser. Toca bateria. Atormenta os vizinhos do apê logo abaixo. Segue-se a morte, abaixo assinada: Eu. - Ha! Te enganei... mais uma vez. Trouxa! Dizima os índios e pede o dízimo. O preço de sangue. Pela tua alma a morte. Não há sorte. Apenas um "- Ha!" e tudo já se acabou.