sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Nunca estamos contentes porque passamos a vida em busca de uma tal felicidade que, na verdade, não existe.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Naturalmente

Acho que tudo tem de ser naturalmente, inclusive o amor. Às vezes tento traçar um rascunho deste, mas em vão. Vão é o meu coração que fica esboçando tolices, pensando gabolices. Ah, como eu queria voltar atrás! Ah, como eu queria nem pensar! Mas voltar não dá. Voltar pra trás? Não seria voltar pra frente? No futuro, seguro, sem você. Sem ninguém, sem saber, sem nem porque. Aliás, porque esses versos? Pra que esse (des)amor reverso? Grande futuro obscuro e complexo!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Versos ocos, palavras ocas IV: Poesia é um orgasmo!

Poesia é um orgasmo.
Entalo. Tosse. Engasgo.
Poesia é um cuspe – mas um cuspe com prazer!
Prazer de jogar na lata do lixo
Isso! Inguiço! Poesia é um feitiço.
Um prazer sem fim
Que não termina no fim
Quer sempre mais e mais e mais 
mais palavras, mais leitores. Mais nada, mais amores.

Orgasmo, organismo  cismo!
Cismo que já tens um, pois a poesia
é o grito máximo
do mínimo que sai de dentro de nós.
Verso-sai-veloz. Verso-sai-veloz.
Vai pro albatroz.
Está em cima, embaixo
Dos pés à cabeça
Está embaixo, em cima da mesa

Poesia é nojenta, branca e grudenta
E tu, que já lês com nojo
Considere-me normal,
pois qui nada há de anormal
Só poesia: poesia oca, poesia lenta
Palavras de afronta, palavras sabor menta

Refresque-se, sorria
que depois da tempestade vem a calmaria.

E a poesia é um orgasmo
Sempre queres mais

{  Mais sempre menos
  E menos sempre mais  }

E se de escreveres não fores capaz
Ou de entenderes não quiseres mais
Não me enterres, não me erres!
Me ache, me encaixe
Pois raramente digo assim:
Prazer mesmo é ter você perto de mim.

domingo, 9 de dezembro de 2012

sábado, 8 de dezembro de 2012

Cartas pra ninguém I: só pra desabafar

Hoje é mais certo do que nunca que eu estou tentando preencher o vazio que essa eterna solidão deixa aqui. Talvez seja a hora de assumir a realidade: não vou mais sorrir nem distribuir seus sorrisos por um bom tempo. Vou te lembrar até você cair no esquecimento. Vou te esquecer até que outro alguém me faça lembrar de ti, daí novamente minhas carnes passarão a se consumir de solidão e eu a arder de paixão. Só que aí serão outros sorrisos, outros momentos. Enquanto isso me conformo em ser um drogado não-conformado com seu desamor. Vou tomar minhas doses de recaídas diárias. Vou ficar dopado, ansioso, voltarei a tomar aquele remédio. Vou rir, pensando ser tudo isso bobagem. Vou chorar lembrando as decepções da minha bagagem - um não, uma rejeição. Bastava apenas uma resposta - mas nem isso; só caretas, incertezas e impurezas.

* * *









P.S.: Acabou-se meu mundo e ainda nem é 21 de dezembro.
Cá estou eu deitado, sentido sei-lá-o-que; não estou chorando, só falando comigo mesmo.
Escrevi esse texto só pra desabafar, agora vou dormir pra de ti por alguns instantes não mais lembrar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Diálogos entre eu e eu II

Nenhuma ligação, nenhum resultado, nenhuma resposta. Nada, nem ninguém. Tampouco eu também. Lágrimas, ouvidos e calor. Nada da chuva típica dos filmes dramáticos. Tudo isso é a realidade nua e crua. Não sei até quando vou escrever. Talvez amanhã já não reste mais do que falar ou, se falar, fale repetidamente de tudo o que já foi dito antes. Alguém entende esses círculos? Alguém entende essas voltas? Não, porque ainda que eu mesmo entenda, na verdade não compreendo. Depreendo deprimido reprimido sem sentido. Amanhã saberei; de nada saberei. Amanhã não saberei e então não restarei. Amanhã escreverei; reescreverei – não receberei nenhuma ligação, nenhum resultado, nenhuma resposta. Não restará nada nem ninguém, restarão apenas eu e meu eu também.

E adianta dizer alguma coisa quando faltam as palavras?

Se faltam é porque algo mais está em falta. Você faz falta. Tudo seu faz falta. Cada instante, cada toque, cada olhar. Sei que já não me olhas mais e é por isso que te procuro de noite em meio às sombras, nos meus sonhos, teu olhar. Me vejo preso no nevoeiro, dentro da tempestade, no olho do furacão. Eu sou o nevoeiro, a tempestade e o furacão. A diferença é que queimo de paixão. Vejo luzes: luzes ao meu redor, luzes a me cercar, a me cegar. Raiva, ódio, morte, vida, amor. Uma miscelânea de sentimentos aqui dentro. E não tem volta. Você não volta, nem com escolta. A estrada do tempo te leva pra bem longe. Distante. Eis que já nem te vejo mais. Acordo idoso e, ao meu lado, a fria e gélida solidão. A minha casa é um caixão e eu morri de desilusão.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O que eu quero

Eu avisei. Voltei ao talvez. Voltei a me equilibrar em cima do muro, voltei às perguntas sem respostas, às perguntas infundadas e às respostas indefinidas. Eu voltei às respostas indecisas. Tudo era mais fácil quando não existia a solidão e nem a necessidade de ter, de sentir algo – ou alguém... E sabe, eu era feliz! Agora tudo o que eu tenho feito é buscar continuamente migalhas – e dado também migalhas.
Não, não amo mais! Não, não quero mais! Hoje eu quero paz, hoje eu quero harmonia. Hoje eu quero sim, alegria! – quero descer do muro e me deitar na grama. Quero me apaixonar pelo chão frio e sujo. Quero construir uma barraca no campo. Quero fazer um piquenique. Quero ficar olhando as nuvens e estrelas no céu e inventar com o que elas estão se parecendo. Hoje eu quero de volta a minha simplicidade pueril, mas com a certeza de tudo o que sei hoje. Hoje eu não quero mais me importar com os olhares tortos e perguntas alheias. Eu não quero açoites, nem brigas, nem rotinas: quero sentir o gosto, o cheiro e ver a cor da água; igualmente assim com o vento. Eu não quero ninguém até que eu deixe de ser áspero e ignorante o suficiente e volte a amar outra vez. Eu só quero amar quando amar outra vez. Eu só quero amar quando amar de uma vez. Enquanto isso, vou ficar no meu piquenique, feliz, no chão, de um dos lados do muro. Com um sorriso no rosto, em meu próprio mundinho obscuro.