quarta-feira, 11 de junho de 2014

Da angústia dos dias

Todos os dias
Mesmo carro branco
Passa por mim

Todos os dias
Mesmo carro branco
Atravessa antes de mim

Todos os dias
Mesmo carro branco
Passa por cima de mim
Todos os dias -
Todos os dias.

Todos os dias
Sigo sem pensar
Todos os dias
Penso em ir antes de voltar
Todos os dias
Ou nenhum dos dias
Mas todos os dias
São os mesmos dias
E eu passo por cima de mim.

São tantos e todos
Que nem sendo, são
É tanto barulho
Que eu digo não
E passo por cima de mim
Mas sendo dia
Pois não me vejo, não me sinto
Abjeto
Exatamente assim.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Catarse

Negras correntes prendiam
Corpos que pendiam
Sacudindo no céu

No ar um cheiro de desejos
Choros cheios de vontades
E risos de prazer

Bum!
Um corpo caia no chão
Alguém ria e estendia a mão

Água lavava aquele odor que ficou;
Nada retirava aquela dor que chegou.

Miasmas impregnando a pele
Nojo da superfície
Aquilo que tanto se quis, morria

Era torturante;
Era como levar uma surra
E sentir prazer por isto.

Bum!
Mais um corpo caía no chão
Mas se movia, estendendo as mãos.

Corria
Fugia
Lá fora
A vida (há vida!)
Agora
Refulgia.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Em fim

Te vejo
Na embarcação
Tão longe
Que já nem... !

Apenas névoa à frente
E a silhueta do teu fantasma.

Comemoro distante
O que demorou
Tanto.

Enfim só
Sem você
Livre
De você.

Chegou esporadicamente
E da mesma maneira saiu
Sumiu.

Eu te dei vários empurrõezinhos sutis
E você nem viu.

Adeus.
Em fim.