terça-feira, 31 de julho de 2012

A sentença!

Eu já recebi a sentença
Já estou condenado a você
A nunca mais te ver
Mas a eternamente te querer

Hoje estou moribundo
Preciso, então, respirar um pouquinho
Para que não venha a
 me morrer

Juro que jurei
Que jamais ia me perder
Mas fiz pior:
Me perdi e perdi você

Ah! Se eu, ao menos, pudesse reverter
Entraria com recurso
Pra nunca mais te pertencer

Sei!
Que esta rima está ridícula
Mas meu coração
Tirou de campo a razão
Deu cartão vermelho a ela
E me trouxe a ilusão
Conseguiu impeachment
 pra mim
E hoje estou assim...
Moribundo
Aguardando a misericórdia do recurso
Da desilusão

segunda-feira, 30 de julho de 2012

8 meses

Estou para dar à luz ao desespero
Desespero do amor que se foi
Do amor que partiu

Partiu, mas ficou vazio
Permanece a dor
Aqui jaz o amor.

Amor que tento e não vivi
Amor que tenho e já sofri
Sofri demais
Não fui capaz

Arrasto esse coração gestante
Mas temo o que venha a nascer
A nascer ou a restar
Ou que venha simplesmente a abortar

domingo, 29 de julho de 2012

Imensidão

Eu decidi tentar uma vez...
                                                         ... pelo menos dessa vez
Mesmo querendo chorar
Não sou daqueles que podem dizer:
"Eu não desisto sem tentar"
Mas não escondo essa fraqueza...
                                                                    ...essa incerteza.

Frio, distante, indiferente
Avoado, louco, inconsequente
Não há como fugir do que você é
Você simplesmente...
                                                          ... é.

As coisas também são como são...

Se fosse há algum tempo atrás
Eu não faria, não te diria
Apenas me retrairia
Me retrairia pelo que sinto -
                                                            - e pelo que os outros também sentem.

Eu realmente não gosto de ser um ser comum...
                                                                                                ... igual.

As pessoas aprendem a se mascarar,
a se "reinventar"
Mas, no fundo, sempre procuram ser igual à alguém
No fundo, todos somos iguais
Humanos, sujeitos à falhas, farsas, fracassos

Mas desta vez não volto mais!
Não vou mais voltar atrás!
Porque independentemente do que vier a acontecer
O que é, é!
As coisas são como são
Como deveriam ser
Mesmo se não fossem assim, seriam, sim!

E quem quiser que entenda
Quem quiser que acredite
Que isso é poesia
E eu serei assim
Até o fim -
                   - ou enquanto Deus o permitir...
                                                                       ...um poeta -
  - pelo menos para quem entender,
                                                              para quem souber ler
Ler não apenas palavras
Mas as entrelinhas
As estrelinhas
Os versinhos
A lágrima salgada
O que está atrás do véu -
                                            - o céu

E que seja sempre 
assim: imensidão.

sábado, 28 de julho de 2012

Pouco importa!

Nestes dias tristes, resolvi pensar em coisas belas. Talvez esse seja o segredo dos dias chuvosos: não te fazer perecer de amarguras sem fim, mas te fazer flutuar no leve algodão das nuvens. Pode ser que a chuva sirva não só para as plantas, mas para lavar e regar nossas almas também.
Se eu nunca chegar a ver a luz da aurora, pouco importa. Pouco importa, porque posso ver o arco-íris. Posso ver dias ensolarados em demasia. Posso desfrutar do cair de uma copiosa chuva sobre meu rosto. Posso sentir a brisa vindo do sentido do mar. Posso ver o mar aberto e incerto. Posso ver o mar e o céu azul.
Se as luzes daqueles olhos não se acenderem mais, pouco importa. Eu tenho à minha frente um livro, tenho a riqueza da poesia - e da melodia.
Se glória nenhuma tenho, nem a aclamação algum dia alcançarei, pouco importa, pois tenho à minha frente um livro, tenho a riqueza da poesia - e da melodia.
Se mágoas e amarguras tenho diante de mim, pouco importa, pois inda sentirei o perfume da mais doce flor. E, ainda que, um dia ela murche, eu verei o desabrochar das pétalas de sua descendência. Eu verei o trabalho - incansável e necessário - dos beija-flores, das borboletas, das abelhas e até o do vento.
Que o vento me leve, e leve para bem longe, para mais próximo do horizonte. Isso mesmo: aquele lindo pôr-do-sol alaranjado atrás da montanha. Aquele que ninguém acredita que irá alcançar um dia. Aquele que é confundido com uma utopia. E mesmo que não cheguemos lá um dia, eu chegarei. E verei que, na realidade, atrás da montanha existe muito mais. Muito mais horizontes, muito mais distantes, extensas cadeias montanhosas - feitas de sonhos - e perceberei assim, que pouco importa. O que já passou, pouco me importa.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O que me importa?

O que me importa a luz da aurora
E de que me vale um céu azul
Se os meus dias são só tristeza?

O que me importam sorrisos bonitos
E de que me vale um encantamento sem fim
Se tudo sempre se desfaz no final?

Do que vale ter um coração
E de que me importa sentir a mais profunda emoção
Se não tenho a quem entregar?

Do que me vale saber onde estou
Leste, oeste, norte e sul
Se não sei ao certo para onde vou?

De que adianta escrever versos
Ou de que me vale a melodia
Se você nunca vai ver, nunca chegará a saber?

Do que me adiantaria ser cercado de pessoas
Ou para que me serviria uma vã alegria
Se não te tenho aqui comigo?

Mas pra que correr do perigo
O que me importa o perigo
Se posso simplesmente te amar e me entregar?

Melhor é morrer apaixonado
Do que viver e nunca ter amado

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Passado, presente, futuro

Eis o que o passado me tem revelado
Do seu passado no meu passado
Do tempo acabado
Do que ficou inacabado

Embora esteja ausente
Estou no presente
Mas é evidente que estou ciente
Que nunca estou contente

E, no futuro, atrás do muro
Vejo tudo obscuro - não estou maduro!
Mas ainda creio que melhor será o futuro
Mesmo sem enxergar, pois inda está tudo escuro

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Clichê

Cansei de coisas clichê
Mas assumo: não tem pra onde correr
A vida é uma eterna canseira

Uma eterna repetição
Sem eira nem beira
Seguimos sem rumo
No rumo do vento
Ao relento

Tempo!
Dê tempo ao tempo
Viva o momento
As pessoas tentam ser legais
Mas se dizem animais
Sim, animais racionais!
Mas são tão irracionais
Quanto os que verdadeiramente são animais

Realmente eu não concordo com tudo o que dizem
O que dizem por aí...
Dizem por aí...

Falam num tal
De aquecimento global
Inventam o fim do mundo
Fundo!
Se olhar na caixinha redonda até o fundo
Descobrirá o mundo
Ele não é da forma que dizem que é
Pois nem tudo que é o que parece
Tudo é clichê!

Sou clichê
És clichê
É clichê
Somos clichê
Sois clichê
São clichê

Sim, tudo é clichê!
Tudo se repete
Só que de diferentes formas
A norma!
Essa é a norma:
Tudo deve ser igual
Seguir uma regra
Sem exceção
Até o que era exceção deixa de ser
Somos o que somos
O que nos convencionaram a ser
Ser...
Então já não é

Não sou
Não és
Não é
Não somos
Não sois
Não são

Nada é o que é
Nem o que parece
Cresce!
Ah, mas esqueci que tudo cresce
Amadurece
Enverdece
Envelhece
Escurece...

Tudo é clichê:
A morte, a vida
A rua, a avenida
O ladrão, o policial
O que é bom e o que é banal
Nada se cria...
Realmente...
Porque tudo já foi criado!
E nos foi avisado:
Tudo se repete
Nada de novo debaixo do sol

Criança brinca
Adolescente se rebela
Jovem trabalha
Velho espera
Espera a morte
Talvez a sorte...
O mais banal
O mais cansativo e difícil de admitir:
O final.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Apenas um sopro

Eu converso com o nada
Eu falo com ninguém
Na verdade, espero por alguém
Alguém que nunca vai chegar
Ou será alguém que nunca vai voltar?

Pode ser
Tanto faz
Eu não sei

Era melhor o tempo que não me importava
Se tinha alguém
Se era  ninguém
Na verdade, não sou nada...
Nem ninguém

O que sei
O que sinto
Ora eu sei, ora eu sinto

Sou apenas um sopro
Apenas um vento
Soprando e perturbando teus ouvidos...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Naufragado

Eu gosto de me sentir submerso
Nesse estado adverso
Um tanto quanto drogado
Tonto e naufragado

Meus olhos ardem do sal
E se fecham de forma tal
Que esqueço o absurdo
Desse tudo à minha volta

Embora o V do voo das letras

Tenha um T de turbulências
Prefiro me prender
A essas experiências

Me entrego ao livre direito
De me sentir doido
Por pelo menos meia hora
Fugir dessa escória

Quando escrevo, registro palavras
Que nem sei de onde vêm
Palavras partem do escuro
Pra mostrar o que é que tem

A maior tristeza de um poeta
É perder um poema
Ou não criar um dilema
Esquecer uma melodia
Ou não questionar a agonia

A rima é apenas uma parte (óbvia!)
Do que pode não ser tão óbvio assim
Mas é tão simples pra mim
Enxergar o mundo
Com olhar profundo
Mergulhar afundo
Sair de mim

sábado, 21 de julho de 2012

A inspiração

A inspiração é esse tal ser inescrupuloso que vem de repente, sem bater, invade o coração e move todas as emoções. Sem direito a questionamentos, ela vem e se aproveita da primeira faísca de sentimentos que lhe for conveniente e se apodera da alma humana, transformando-a de tal forma, como se essa estivesse possessa.
Ela fala o que quer – mas não por si mesma. Só pode falar o que o corpo em que ela habita (sim, habita e não sai mais) sente, toca, vê e pode falar. Ela não tem vida própria, apenas vive a vida dos outros e num único instante explode em uma densa tempestade de palavras que jorram como uma cachoeira.
Mas o que seria da vida sem a inspiração? Inspiração para escrever, inspiração para pintar e desenhar, inspiração para levantar e sentir o vento frio das manhãs, inspiração para viver tudo o que se quiser – e tudo aquilo que não se quer também – até para fingir aquilo que não se pode tocar é preciso inspiração. Sem inspiração a vida expira. É preciso inspirar e expirar. Mudar, vestir, trocar, ler, opinar, raciocinar, questionar. É preciso se mover. O mundo é feito de ideias, inspirações, anseios – mesmo daquilo que se impõe como impossível. Então, é hora de se mover e buscar novas aspirações. Agora é hora! Levanta e anda. Caminha e pensa. Pensa e não dispensa. Inspira e expira.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Carta a um amigo

A ti, meu amigo
Tu que és meu abrigo, meu perigo
És meu melhor inimigo
Quando estou só e ferido você vem
Você tem
O que quero e espero
Tem a me ensinar e aprender
Tem como me enraivar e me prender
Você tem de tudo um pouco de nada
Você que me faz transbordar essas palavras
Logo eu que queria partir
Não esperava te encontrar ali
Você que é tão rebelde

Me observe
Ouça e aprenda
Que eu tenho a aprender contigo
Perdoe-me não ser bom amigo
Confira se inda vai comigo
Pois não pretendo ir tão longe
Talvez em círculos eu ande
Para perto ou distante

Juro que tento te amar, te entender
Busco a mim não atender
Mas apenas entender
Pois isso é o que basta
Isso é o que há
Me tira desse mar
E jamais se afasta

quinta-feira, 19 de julho de 2012

"Vanidade"

Vã alegria eu sentia
Quando te via
Vão alívio eu tinha
Quando você partia
Assim vão-se os pensamento
De quem se encontra ao relento

Vão prazer eu tinha
Com a melodia
Vãs palavras dizia
Cheiro de alegria
Assim vai-se o tempo
De quem não encontra sustento

Passam os dias
Voam as horas
O que mais dói aqui
É a demora
É a sua passagem bela
E ilusória

Versinhos ocos II

Eu nunca disse ao vento: Oi!
E ele nunca quis me levar

Segui seus passos na areia
Até em mil pedaços eu me despedaçar

Hoje ainda pode ser cedo para pensar
Talvez um outro dia, quem sabe?
Ainda é cedo para querer...

Mas se a noite vier, tanto faz
Ela vem todo dia
Às vezes com alegria
Ou com ciência e paz
O seu silêncio me faz mergulhar

Versinhos ocos I

Seus passos sempre se vão
Ou nunca estão aqui, comigo

Eu sempre fechei os meus olhos
Tapei minha visão para não enxergar o perigo

Amanhã pode ser tarde para amar
Ou para acordar e viver
Pode ser tarde para ser...

Ser o que se quiser
Viver o que se pensar
Posso escolher também
Ser sem querer
Ou viver sem pensar

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Coisas simples

Um gesto, um toque, uma palavra
Um beijo, um abraço, um chamego
Ou apenas um simples olhar

Uma melodia, uma poesia, um versinho
Um carinho, um arrepio, um susto
Um adormecer e um despertar...

Nada se compara às coisas simples!

Leve como uma borboleta
Flutuante como uma pena
Cintilante como um diamante
Vermelho como um rubi... um grafite!
Uma obra de arte pintada na parede
Não necessariamente uma obra prima
Mas uma obra simples, sincera, cativante.. amável

Palavras doces podem alegrar um coração
Mas palavras amargas podem tornar o coração mais doce
Mesmo o mais pesado do mundo
Uma asa delta, um pássaro de asas abertas
Pronto para alçar grandes voos
Um pássaro recém-nascido que não consegue voar sozinho
Ele corre... não voa... não voa, então morre!
Há tempo para tudo, como já dizia o sábio

Um ponto no céu, um rabisco no papel
Um sorriso enfeitando um rosto de ponta-a-ponta
Uma nuvem e suas várias formas
Uma lágrima escorrendo e mostrando as formas, as marcas da vida...

Vida!
Linda, triste, angustiante, atribulada
É a vida assim...
Sempre assim, sempre se repetindo como um rio
Onde sempre correm gotas diferentes de água
Mas sempre correm...
Os mesmos obstáculos, mesma beleza
A mesma imensidão, a mesma poluição

Triste!
Sim... triste!
Simples, mas triste
Triste, mas não tem fim.

Poesia oca

Pensei na forma mais adequada, sucinta e direta de começar as postagens neste blog. Poesia oca é uma expressão que inventei há algum tempo para expressar a minha poesia. Como diz a descrição do blog: "Poesia e mente vazia. Sim! Poesia oca". Pra começar esse blog tive que quebrar a ideia que ninguém vai ler. O blog é primeiramente feito pra mim, pois a poesia é feita apenas pra quem escreve e não pra quem lê. Apenas quem faz uma obra de arte (seja música, poesia, pintura etc.) sabe o que ela quer dizer. Mas cada um tem sua impressão, seus sentimentos, pois cada ser é único, singular. Enfim, esse blog não é apenas para poesias, mas para tudo que vier em minha mente oca. Oca, mas infinita. Infinita de sentimentos, impressões, raciocínios que eu mesmo nunca decifrarei. É como o universo... sim! a nossa mente é como uma caixinha de surpresas: pequena, mas infinita. Cabe tudo lá dentro: desde estrelas até constelações, desde cometas até planetas, desde a menor unidade constituinte de matéria conhecida até a mais complexa forma encontrada. E, como disse Sócrates, uma das únicas coisas que aprendemos, que sabemos dessa vida oca, dessa nossa mente oca (e louca!) é que de nada sabemos. Nunca saberemos. Seguiremos sem saber.