terça-feira, 19 de novembro de 2013

Olhos.

Nosso olhos se encontraram na esquina
Quando ninguém tinha mais nada pra dizer
Nossos olhos caíram na rotina
Quando adormeci antes de ver o dia amanhecer
Nossos olhos se desencontraram
E eu esqueci o que eu ia fazer.

Minha vida anda tão cheia de olhos

São óleos que não exalam odor algum
Todos se reviram e se debatem contra o tempo - 
Em vão.
A minha vida é em vão.
Mas quem se importa?

Quando você entrou pelaquela porta...
Ah, a porta!
Abra a sua porta.
Abra suas comportas.
- Quanto comporta o seu coração?

Ele é cheio de olhos
Cheio de vontades
E nem um pouco à vontade.

Os olhos.
- Você pode ver?
Todos têm olhos.
Mas nem todos podem ver.

Olhos
São feitos de molhos
São molhos castanhos e castanho claro
Molhos de chave
Os olhos são as chaves
Para entrar no meu coração.

Entra aqui, meu bem.
Fica aqui, porque tem
Ótimos perfumes pra você inalar
O meu melhor e o meu pior
Você vai encontrar.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

São pessoas, pessoal! - um poema pessoal.

Pessoas são inúteis. Nunca têm nada de interessante a declarar. Pessoas são fúteis. Te olham por um segundo e desprezam com o mesmo olhar. Pessoas não são nada. Nada são no meio do mar. Pessoas se confundem. Deveriam se encontrar. Pessoas se apaixonam. Deveriam raciocinar. Pessoas brincam. Deveriam saber amar. Pessoas são bichos. Deveriam se animar. Pessoas são animais. Deveriam bichar. Pessoas morrem. Deveriam evaporar. Pessoas se atrasam. Deveriam se pontuar.  Pessoas se sentem sós. O botão de SOS poderiam acionar. Pessoas perdem. Deveriam aprender a perdoar. Pessoas lutam. Sabiam que o luto é bom para aprender a ganhar? Pessoas pegam atalhos. Um caminho apenas deveriam trilhar. Pessoas iluminam. Luzes deveriam ganhar. Há os que se escurecem. Na eterna escuridão a mergulhar. Pessoas coisam. Vai entender. Pessoas nada são. Coisas pessoas se tornarão. Pessoas são pedestres. No outro lado sempre querem chegar. Pessoas tentam ser o que querem ser. Pessoas são o que deveriam ser. Pessoas se contradizem. Se contradizem as pessoas. Pessoas são preguiçosas. Na rede a balançar. Trabalham demais. A mente a barulhar. Pessoas se jogam de um prédio. Ou é prédio que empurra estas pessoas? Pessoas escrevem. Pessoas leem. Pessoas escrevem. Algumas apenas veem. Umas fazem rima. Outras procuram seu plural. Pessoas se explodem. A fim de um bom final. Pessoas matam. Matam pessoas. Matam a mata. De pessoas. Pessoas xingam. Pessoas editam. O erro cometido. No fim desditam. Pessoas correm. Atrás de troféus. Pessoas morrem. Jogadas ao léu. Quando vivas, pessoas soam. Depois de mortas, ainda mais ressoam. Pessoas pessoam. Sempre a pessoar. Pensando e pensando. Pessoas são. Persuasão. Pessoas. É. Pessoas. São. Pessoas. Apenas pessoas. Pessoas eu, pessoas tu, pessoas nós, Fernando, Pessoa. E vão fazendo mais pessoas...

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Escorre a inspiração...

Deixe-me ser
Este ser infeliz
Da ponta do meu nariz
Escorre a tristeza...

- Mas que beleza!

Perdi
- de novo! - 
a inspiração.

domingo, 3 de novembro de 2013

Cartas pra ninguém II

Ei, psiu!

Levante sua cabeça.
Olhe para mim!
Olhe nos meus olhos.
Tira essa mágoa do peito.
Limpa esta lágrima!
Tira este sal que resseca tua face.
Nada de ressentimentos.
Pare de se rebaixar!
Pare de tentar aparentar frieza.
Pare de tentar ser o que não é.
Me dá a mão.
Me ama.
Roda comigo naquele brinquedo do parque.
Me apaixona.
Me ilude, sorrindo pra mim.
Para de fingir que não me viu!
Deixa todo este medo para trás.
Deixa a artificialidade da vida para outros,
afim de que aprendam que já não vale a pena...
Compra um vale pra mim.
Um vale-qualquer-coisa.
Qualquer coisa vale.
Qualquer coisa vale a pena.
Escreve com a pena.
Registra o que tens, o que sentes.
Mostre-me seus dentes.
Aquele olhar de soslaio.
Aquele sorriso cínico de canto de lábios.
Aquiesça com a cabeça.
Diga que me ama.
Nunca me esqueça.