sábado, 28 de julho de 2012

Pouco importa!

Nestes dias tristes, resolvi pensar em coisas belas. Talvez esse seja o segredo dos dias chuvosos: não te fazer perecer de amarguras sem fim, mas te fazer flutuar no leve algodão das nuvens. Pode ser que a chuva sirva não só para as plantas, mas para lavar e regar nossas almas também.
Se eu nunca chegar a ver a luz da aurora, pouco importa. Pouco importa, porque posso ver o arco-íris. Posso ver dias ensolarados em demasia. Posso desfrutar do cair de uma copiosa chuva sobre meu rosto. Posso sentir a brisa vindo do sentido do mar. Posso ver o mar aberto e incerto. Posso ver o mar e o céu azul.
Se as luzes daqueles olhos não se acenderem mais, pouco importa. Eu tenho à minha frente um livro, tenho a riqueza da poesia - e da melodia.
Se glória nenhuma tenho, nem a aclamação algum dia alcançarei, pouco importa, pois tenho à minha frente um livro, tenho a riqueza da poesia - e da melodia.
Se mágoas e amarguras tenho diante de mim, pouco importa, pois inda sentirei o perfume da mais doce flor. E, ainda que, um dia ela murche, eu verei o desabrochar das pétalas de sua descendência. Eu verei o trabalho - incansável e necessário - dos beija-flores, das borboletas, das abelhas e até o do vento.
Que o vento me leve, e leve para bem longe, para mais próximo do horizonte. Isso mesmo: aquele lindo pôr-do-sol alaranjado atrás da montanha. Aquele que ninguém acredita que irá alcançar um dia. Aquele que é confundido com uma utopia. E mesmo que não cheguemos lá um dia, eu chegarei. E verei que, na realidade, atrás da montanha existe muito mais. Muito mais horizontes, muito mais distantes, extensas cadeias montanhosas - feitas de sonhos - e perceberei assim, que pouco importa. O que já passou, pouco me importa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário