sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Versos ocos, palavras ocas VI: vento-momento

E, de repente, as coisas ganham um novo tom, uma nova forma. Vou ao forno na fôrma com fermento incho e me acho aos pés cheio desse vazio. Vago peso dos sapatos dos nós amarrando os pés. Vagueio no rodeio que é a solidão dessa vida. Feliz vida! Roda-a-roda-da-vida. Viva a vida! Descalço na avenida. Feliz vida! Vivo no vivo vento-momento dessa jornada de jornaleiro, tentando distribuir algo de bom, mas emanando de mim essa ruindade de bondade que é sorrir.

 Entendeste? Leste?

 Acaso, leste?

Ao leste, ou melhor, a oeste põe-se o sol a cada si bemol no portal dessa repetição, desse desamor e desse favor que fizeste ao me abandonar. [ E desse favor que peço-te agora. Eu só peço: "por favor!" Não deixa pra depois; esse dia lindo, esse sorriso índio – nesse dia lindo, esse seu sorriso lindo, seus olhos de maçã – proibido pecado desacatado sem recato no recalque da lei da moral.

Namoral: a canção acabou, o pecado dissipou e a melodia finalmente desabrochou. A lágrima rolou. Continue amor, por favor! No favo do mel do abraço do quentinho escurinho perfeitinho diminutivo superlativo relativo. Reativa vida. Viva vida! Viva a liberdade para ir e vir - isto é, rir e chorar, seguir sem pensar todo dia. Às vezes varia, mas avaria todos os dia. Verbo-livre, verso-livre Porque não queres me amar? Viva o verbo, viva o verso! Viva o rock! Viva o violão e aquela tecla preta nos nossos olhos ao se cruzarem. Se cruzaram no cruzamento da cruz, no dia em que comi cuscuz e te vi jururu fazendo sinal da cruz. Pus. Tudo desconexo, tudo sem sentido. Inguiço, início, sinto o cinto segurar a palma da mão do colchão no chão daquele nosso lar. Ah, lar-doce-lar! Bom-bom. Bom mesmo é sonhar! Bom mesmo é amar. Ser amado e amar também. E eu, saudoso das palavras, digo: Amém!

Nenhum comentário:

Postar um comentário