sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um e outros rocks

Você me fez gostar daquela música, não sei ao certo o porquê. Talvez, porque assim como nós, a música pareça dessincronizada e desafinada. Você é tão leve, tão simples, tão perfeita. Seus olhos carregam um pouco de tristeza. Você é um rock, uma pedra, um túmulo provocante e com a tampa posta fora de seu lugar. Um tumulto, só que sem multidão e em meio à chuva.

                          –  Qual o seu segredo?
                            Qual o nosso mistério?

                                                         Você me faz sentir num filme sem sentido algum. Será que toda vez vai ser assim?... assim como aquelas músicas que não tem um final  motivo que me faz odiá-las!  músicas que diminuem o volume até a mudez, mas talvez isso seja menos dolorido do que um corte abrupto.
Inda nem inventei um nome pra você, inda nem sei se você é sol, calor, dia ou noite. Mas creio que seja chuva mesmo; a tempestade, o vento impetuoso em pleno mar aberto. Você é a tristeza  mas nisto consiste sua beleza. Nem tudo segue a ordem natural das coisas...


***

             Imagino que este seja um texto antigo, de quando eu ainda era jovem e carregava muitas paixões e muitas ilusões e muitas desilusões e muitas decepções também. De quando idealizava um amor perfeito, um alguém perfeito. Hoje vejo apenas a guitarra velha, jogada num canto qualquer do teu quarto, um túmulo aberto e uma pedra posta com um recado amarrado. Um anexo de e-mail. Palavras sem nexo. Nunca tive coragem de lê-lo, ainda um dia, quem sabe... mas já é deveras tarde esta primavera, estar aqui sozinho, nesse dia bonito e ensolarado pode não ser mais tão entediante, até porque, lembro-me bem daquela frase jovial, daqueles tempos pueris  " Nem tudo segue a ordem natural das coisas".
Hoje são outros rocks, outras chuvas inundando a minha vida inteira e vendo valer o que não valeu não valer à pena. Vendo o tanto que valho. Vendo o tanto o tenho. Eu vendo o tanto que tenho por paz e sossego, sem mais segredos, sem mais mistérios me agrego ao filme triste, mas belo em pleno mar aberto naquelas ondas em que vagueei tudo para trás. Nado para trás e abro aquele misterioso bilhete, que me revela como uma facada no peito o quanto sou comum, um qualquer, mais um passageiro que passou percebidamente desapercebido pelo bonde da vida.

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