quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Frágil

Porra! Você não cansa de dizer sempre as mesmas coisas, não? Será que você não percebe o quanto sua vida é entediante e chata? Você não se cansa de ouvir os mesmos besteróis sempre, não? De ouvir sempre as mesmas músicas e ver cada um em seu mundinho perfeito, protegido por cristais de gelo que  acredita-se  não se podem quebrar. Será que é inocente a sua perguntação tola de cada dia? E também as suas respostas repetitivas? Será que não percebe que esse seu casulo de solidão não vai te levar a lugar nenhum? Mas será possível que tu num vê que essa badalação toda uma hora acaba? Por que tu aguenta todo esse sofrimento em silêncio? É masoquismo isso? O que ainda te mantém de pé? O que te faz viver? Cadê teu combustível, tua alegria diária de cada dia? Cadê aquelas pessoas que você amava, às quais jurou amor eterno? Pois bem, vejo que aprendeu que nada é pra sempre e que promessas se quebram como vasos, que cada vida, cada casulo se transforma e parte para queda livre ou pro céu azul. Por que te é tão difícil de entender ou de questionar ou de responder? Pra que quatro pq's? Mas será que você ainda não viu que a desgraça faz parte da vida e que o tempo corre atropelando a todos pelo caminho? Por que você não morre? Por que não faz algo de bom? Por que não se mata? Por que se mostra tão distante, tão ruim? Pra que toda essa loucura, toda essa euforia? Por que não se mata de amor? Por que não quebrou aquela garrafa de cerveja na cabeça daquele desgraçado? Por que matou seu filho? Por que fingiu ser quem não era só para agradar os outros? Por que fugiu daquela situação... aliás e por que não fugir, então? Por que escreves? Por que tu lês? Tu lês? Ei! Você me lê?! Será mesmo? Por que toda essa paranóia? Por que é tão fácil te manipular? Pra que essa futilidade de gramática, matemática? Quantas gramas tem sua alma? Quanto vale sua vida? E a faculdade? E as namoradas? E o raio que o parta? E o grito, você ouviu? Eu não ouvi. Ainda não ouvi aquela música. Eu ouço vozes à noite. Tive um pesadelo. Eu não sei ler. Sou deficiente visual. Matou os ratos do banheiro? Não tem mais papel! Faltou tinta no tinteiro! E o Limoeiro? Eu li "Moeiro"? Quem é Moeiro? Aliás, quem é você? O que você está tentando dizer? Garçom, mais um pfvr! Olha o pássaro na janela! Olha a Lua! Olha a rua! Paciência... Vamos! vamos! Vamos fumar mais um? Vamos tomar um café? Ninguém te perguntou nada! Ninguém me interessa! E Tereza? Cadê aquela máquina de costura? Cadê Lina? Cadê aquela velha? Dei-lhe uns bofetões pra aprender a ficar quieto! Ah! aquele menino travesso! Pirralho! Peste! Foi pro travesseiro. Consultou o travesseiro. Consultou as cartas. Virou ninfomaníaco. Pirei. Sou piromaníaco. Sou maníaco. O maníaco do parque foi preso! Amoníaco! Demoníaco! Foi preso furtando uma loja. Faltou-lhe forças para segurá-la. Perdeu a mão. Perdeu o braço sumiu a minha chave de casa! Caiu a asa do avião! Sumiu a casca que lhe protegia... E aquela agonia? E aquela inspiração toda? Foi tudo fantasia. Acordei, só mais um dia.

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