quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Detalhes inúteis

Vivo tímido e quieto. Frio por fora, mas bem aquecido por dentro. Olhos caídos e totalmente desatentos à realidade ao meu redor. Lembro-me apenas dos detalhes inúteis. Vivo a irrealidade dos sonhos utópicos aos quais se resume a minha vida. Não tenho tampa, apenas um alto-falante. À minha frente estão as fitas isolantes e os locais onde ocorreram os fatos. Não reclamo do mau cheiro vindo da cidade, ao contrário, ele me alucina. O que no me gusta é o cheiro das pessoas. Esse sim é podre - verdadeiramente fétido!
Um fato intrigante é que o nada me prende e me afasta; uma brisa suave me basta. Gosto das folhas caindo; o barulho do vento me assusta. Tenho pavor do mar, mas gosto da contemplação, da imensidão, da solidão; a Lua - esta sim me encanta! céu repleto de estrelas, sem barulhos, sem aquele turbilhão de mentiras e hipocrisias do meu povo. Gosto do abraço do beijo e do beijo do abraço - sem tirar pedaço! Me encanta a dança, as luzes, o palco, o auditório, o repertório. Gosto da chuva e do frio, arrepio! Bronzeio-me no sol e calor, o seu frescor! Odeio adulação, adoro complicar, mas de amor não quero mais falar. Por enquanto só eu, eu só.

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